segunda-feira, novembro 13, 2006

Triste realidade



Fossem circulares, redondas, com movimentos precisos e limitados. Pernas que não se movem sozinhas, pernas que não nasceram comigo. Queria correr ver um mundo diferente, sob outro ângulo, o de uma criança normal. Será que esse é o pensamento de uma criança, de aproximadamente dez anos de idade, que contempla a ilusão de um dia correr e ser livre como as crianças que tanto admira.

Elas corriam, exibiam suas belas pernas, mostravam a liberdade costumeira de uma criança, o seu ímpeto, a sua coragem, e até mesmo seu egoísmo. Algumas até notaram o pobre menino, e quando notam, olham fixamente pra ausência de pernas, e da prisão em que se encontra. Algumas, por um breve instante pararam, quase em frente àquele menino da cadeira de rodas. Mas, logo, retornaram ao passeio com medo de ficarem para trás. O menino seguiu seu caminho, mas olhava, e continuava admirando o caminhar, o correr. Forte ele continuou, não chorou e nem riu, apenas seguiu seu caminho naquela simples cadeira de rodas, guiada pelos braços angustiados da mãe, que provavelmente cederia suas pernas para que o filho saísse correndo atrás daquelas crianças.

"Magicamente, o pensamento da mãe constituiu uma realidade, o menino até então cômodo a sua situação, olhou calorosamente à mãe, e lhe informou que iria com eles, já fazia um certo tempo que não brincava. Por um momento a mãe ousou hesitar, mas quando, de forma súbita o menino ergueu-se da cadeira, pôs os pés no chão, e abraçando-a, disse: - Já volto mãe, só vou correr um pouco. Lágrimas escorriam da face da mãe, ao ver seu filho, igual às outras crianças, correndo, livre. "

Infelizmente essa não foi a realidade, a mãe e o menino prosseguiram o seu caminho, e as crianças continuaram correndo, só deus sabe o que pensavam.




1 Comments:

  • At quarta-feira, novembro 22, 2006 1:31:00 PM, Blogger Dona Fernanda said…

    a felicidade nunca nos será concedida por inteiro, mesmo que tenhamos uma boa vida, cheias de dádivas, haverá sempre à nossa frente nos mostrando um universo de perdas e mágoas, de impotência e fragilidade. É a imortalidade avisando que não somos como os nossos incríveis heróis das HQs. Mesmo assim, ainda quero ser Mulher Maravilha, como um dia fui no Carnaval de 1986!

    um bjo pra ti!

     

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